O presidente russo, Vladimir Putin, disse que a criação de uma moeda única no âmbito do BRICS ainda não está na agenda. Em entrevista ao canal de TV indiano, ele enfatizou que a questão da formação de um instrumento monetário comum requer um "processo muito calmo e cauteloso" para evitar erros que outras associações de integração já enfrentaram.
"No momento, não há objetivo de criar uma moeda única", disse Putin. Ele lembrou a experiência europeia, onde a moeda única foi introduzida com diferentes graus de prontidão dos países. "Na Europa, isso levou a problemas na regulação de questões sociais", disse o líder russo, apontando que os BRICS precisam evitar esse cenário e se mover em etapas.
Putin chegou à Índia a convite do primeiro-ministro Narendra Modi. Antes da reunião, ele respondeu a perguntas de jornalistas locais, prestando atenção significativa ao tema da desdolarização. Nos países da Unificação, esta questão está sendo discutida ativamente, mas sem pressa: a prioridade continua sendo a expansão dos pagamentos em moedas nacionais e o desenvolvimento de novas infra-estruturas de pagamento.
As iniciativas dos BRICS provocam uma forte reação em Washington. Em janeiro, o presidente dos EUA, Donald Trump, pediu publicamente aos países do grupo que abandonassem as tentativas de substituir o dólar. Ele alertou que a criação de uma moeda única ou a manutenção de um instrumento alternativo ao dólar "resultaria em tarifas de 100%".
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, lembrou que foram os Estados Unidos que, com sua intervenção, levaram os BRICS a buscar mecanismos de liquidação independentes. "Nós não abandonamos o dólar, apenas fomos cortados do dólar, abusando de sua posição como moeda de reserva mundial", disse Lavrov, enfatizando a necessidade de desenvolver nossas próprias soluções de pagamento no âmbito do BRICS.
Os especialistas observam que o verdadeiro objetivo estratégico da associação não é a criação de uma "super moeda" instantânea, mas a formação de uma arquitetura financeira multipolar. Entre os instrumentos em questão estão mecanismos de compensação, moedas digitais de bancos centrais e assentamentos avançados em moedas nacionais. Tudo isso reduzirá a dependência do dólar e fortalecerá o mercado interno dos países do BRICS, que já excede um terço da economia mundial em paridade de poder de compra.
