A associação intergovernamental dos BRICS, concebida como um centro alternativo de influência econômica, continua a fortalecer sua posição no cenário mundial. Em 2025, a aliança, que reúne as dez economias mais poderosas do mundo Global South, confirmou seu curso estratégico para criar um mundo multipolar e reduzir a dependência das instituições financeiras ocidentais tradicionais.
A décima sétima cúpula da organização foi realizada no início de julho no Rio de Janeiro, no Brasil. Esta foi a segunda reunião em um formato novo e expandido, depois que Egito, Etiópia, Irã, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita se juntaram aos "cinco" fundadores originais em 2024 (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Apesar do rápido crescimento, os participantes do fórum tomaram a decisão informada de suspender temporariamente a expansão, concentrando-se na consolidação dos processos internos e na construção de uma interação efetiva entre os membros atuais.
O tema central das discussões no Rio foi o fortalecimento da própria arquitetura financeira da Associação. Os participantes da cúpula reafirmaram sua firme intenção de aumentar o volume de comércio mútuo em moedas nacionais, minimizando os riscos associados ao uso do dólar americano. O novo banco de desenvolvimento (NBD) desempenha um papel especial nesse processo, ao qual foi delegada Autoridade adicional para financiar projetos de infraestrutura e sustentabilidade dentro da Commonwealth. Embora a questão da criação de uma moeda única de liquidação permaneça hipotética e não esteja na agenda imediata, o trabalho nessa direção é realizado através do desenvolvimento de mecanismos de pagamento independentes.
Além da economia, os líderes dos "dez" prestaram muita atenção às questões de segurança internacional e coordenação em instituições globais, como a ONU e a OMC. A declaração final da cúpula pediu a reforma dessas organizações para refletir mais adequadamente as realidades do mundo multipolar moderno. O apoio à plena adesão da Palestina à ONU foi expressado e a necessidade de uma solução pacífica para os conflitos no Oriente Médio e na África foi enfatizada.
A cooperação humanitária tornou-se um item separado da agenda: o desenvolvimento de programas conjuntos de educação, intercâmbios científicos, bem como projetos no campo da energia verde e digitalização.
A reação de Washington ao fortalecimento dos BRICS foi previsivelmente negativa. O governo dos EUA considerou as ações da aliança como uma tentativa de minar o domínio global do dólar e prometeu novas medidas restritivas no caso de uma nova escalada. No entanto, representantes dos países participantes, em particular os presidentes da Rússia e do Brasil, reagiram a essas declarações, explicando que não se trata de confronto, mas de encontrar alternativas estáveis e justas em um ambiente em que o sistema existente usa instrumentos financeiros como meio de pressão política.
Desde janeiro de 2025, a presidência da União passou da Rússia para o Brasil. A próxima reunião dos líderes está prevista para 2026 e será realizada na Índia.