À margem do Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo, foi realizado um diálogo de negócios "Rússia - Brasil", durante o qual especialistas e funcionários dos dois países discutiram as perspectivas de cooperação econômica e comercial. Apesar do impressionante volume de negócios de US.12,4 bilhões em 2024, os participantes da reunião concordaram que o potencial está longe de ser esgotado.
As Estatísticas deste ano mostram uma dinâmica positiva. De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e serviços do Brasil, nos primeiros quatro meses de 2025, o comércio mútuo cresceu 10% em relação ao mesmo período do ano anterior. O Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário do Brasil na Federação Russa, Rodrigo de Lima Baena Soares, citou dados ainda mais recentes: para janeiro e maio deste ano, o volume de comércio entre os países já atingiu US.5 bilhões.
No entanto, como observou Vladimir Ilyichev, vice - ministro do desenvolvimento econômico da Federação Russa, os indicadores quantitativos são apenas um lado da moeda. O principal problema é a estreita estrutura Mercantil do comércio. As exportações russas para o Brasil concentram-se em uma lista limitada de itens: fertilizantes minerais, alimentos, metais e madeira. As entregas brasileiras para a Rússia também não são diversas e consistem principalmente de café, minério de ferro, carne e soja.
Tal desequilíbrio cria riscos para a sustentabilidade das relações comerciais. Tatiana Mashkova, Diretora-Geral do Comitê Nacional para a promoção da cooperação econômica com os países da América Latina, chamou a atenção para os potenciais desafios no futuro. Segundo ela, o Brasil está acumulando ativamente estoques de fertilizantes, que são uma mercadoria-chave das exportações russas, o que em algum momento pode levar a uma redução no volume de oferta.
Outro problema que impede a diversificação do comércio é a falta de conscientização das comunidades empresariais dos dois países sobre as oportunidades de cooperação mutuamente benéfica. A falta de informações completas sobre mercados, requisitos regulatórios e potenciais parceiros impede o estabelecimento de novas relações comerciais.
O embaixador brasileiro reconheceu a existência de um superávit comercial negativo para seu país, mas enfatizou que o crescimento do comércio demonstra a confiabilidade da parceria entre os dois países. Ele expressou confiança na possibilidade de aumentar as exportações brasileiras para a Rússia.
Os especialistas concordam que medidas sistemáticas são necessárias para um salto qualitativo nas relações comerciais. Entre as áreas potenciais para expandir a gama de produtos estão produtos farmacêuticos, indústria química, engenharia mecânica, bens e serviços de alta tecnologia. O desenvolvimento da cooperação em investimentos e a criação de joint ventures poderiam fornecer um impulso adicional para o crescimento do comércio.
Os mecanismos da Comissão Intergovernamental para a cooperação econômica e comercial, bem como as atividades de associações empresariais e sindicatos industriais, desempenham um papel importante na superação das barreiras existentes. O diálogo regular em vários níveis permite identificar e resolver problemas emergentes em tempo hábil.
Os participantes do diálogo de negócios no SPIEF expressaram confiança de que, apesar dos desafios existentes, as relações comerciais e econômicas entre a Rússia e o Brasil têm um potencial significativo de crescimento. A diversificação da estrutura de commodities, o aumento do investimento mútuo e o fortalecimento da confiança entre as comunidades empresariais dos dois países podem se tornar a base para levar a cooperação a um novo nível qualitativo.
Foi dada especial atenção à necessidade de desenvolver cadeias logísticas e infra-estruturas financeiras capazes de permitir o crescimento do comércio. A melhoria dos mecanismos de liquidação e do seguro de transações comerciais também foi citada entre as prioridades.